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(SANTA CASA) - QUESTÃO

Leia o poema de Claudio Manuel da Costa 

Pastores, que levais ao monte o gado,
Vede lá como andais por essa serra,
Que para dar contágio a toda a terra
Basta ver-se o meu rosto magoado:

Eu ando (vós me vedes) tão pesado,
E a Pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.

Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas, não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais, eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes o que eu sigo,
Chorareis, ó Pastores, o que eu choro.
(Domício Proença Filho (org.). Roteiro da poesia brasileira, 2006.)

O uso da palavra “inimigo” (3ª estrofe) é explicado pelo fato de que o eu lírico 
a) ameaça os Pastores, informando que passará à posição de adversário daquele que se aproximar da Pastora. 
b) reconhece que teria sido imprudente se não alertasse os Pastores sobre o perigo de se aproximarem da Pastora. 
c) conclui que não é muito amigo aquele que se afasta de seu grupo pelo amor de uma mulher. 
d) admite que, ao contrário do que desejava, não tinha com a Pastora uma relação ideal. 
e) decide se libertar da relação amorosa, afastando-se da mulher que antes amava.

Leia o texto abaixo para responder as questões (1) e (2).

A voz subterrânea 

Às vezes ouvia-se um canto surdo, 
que parecia vir debaixo da terra. 
Até que os homens da superfície, 
para desvendar o mistério,
puseram-se a fazer escavações. 
Sim! eram os homens das minas, 
que um desabamento ali havia aprisionado. 
E ninguém suspeitava da sua existência, 
porque já haviam passado três ou quatro gerações! 
Mas a luz forte das lanternas não os ofuscou: 
eles estavam cegos 
– todos, homens, mulheres, crianças. 
Eles estavam cegos... e cantavam! 
QUINTANA, Mario. Baú de espantos. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. 

01. (PUC-PR) Os sinais de pontuação são importantes elementos de expressividade em textos de caráter poético. Assim, em “A voz subterrânea”, é CORRETO afirmar que

a) os pontos de exclamação nos versos 6 e 9 têm a mesma finalidade, a saber, rechaçar a incredulidade do autor frente os eventos apresentados. 
b) o travessão do verso 12 introduz um diálogo metafórico, por isso pode também ser entendido como um elemento de realce. 
c) as reticências do verso 13 pervertem o momento de maior tensão do texto, criando um paradoxo entre as duas orações do mesmo verso. 
d) a vírgula do verso 6 possibilita a ordem indireta da oração adjetiva do verso 7, pois introduz uma explicação quando uma restrição era esperada. 
d) os dois-pontos usados no verso 10 servem para introduzir uma elucidação sobre a afirmação feita antes desse sinal, no mesmo verso.

02.  (PUC-PR) Os acontecimentos descritos por Quintana em seu texto podem ser postos em ordem cronológica pelo leitor: “havia aprisionado” > “ouvia-se” > “puseram-se”. Sobre os tempos verbais dessa relação, é CORRETO afirmar que

a) o pretérito imperfeito do indicativo é o evento mais recente, uma vez que descreve um evento pontual no passado sem duração de tempo. 
b) o pretérito perfeito do indicativo representa o evento intermediário, já que denota uma ação cujo acontecimento é duradouro no passado. 
c) o pretérito imperfeito do indicativo descreve a ação mais passada em relação às outras duas, porque é o tempo verbal dos eventos contínuos. 
d) o pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo veicula o evento mais anterior, pois se refere a uma ação que acontece antes das outras. 
e) o pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo tem o mesmo valor do pretérito perfeito do indicativo, dado que indicam simultaneidade.


Texto para as questões de 01 a 03

Vença a guerra contra a obesidade
  1. Enxugar as medidas deixou de ser há algum tempo uma questão puramente estética. Desde que a ciência passou a relacionar obesidade à hipertensão, colesterol alto e diabete, entre outros problemas, afinar a cintura virou o alvo de todos aqueles que buscam uma vida saudável. E esse desafio se apresenta com força total ao Brasil. Nos últimos 35 anos, o número de homens com mais de 20 anos acima do peso subiu de 18,5 para 50%, e o de mulheres cresceu de 28,7 para 48%. 
  2. Se nada for feito, em menos de dez anos alcançaremos as mesmas estatísticas de obesidade dos Estados Unidos, um dos primeiros colocados no ranking mundial do problema, mas dá para reverter esse quadro. Exercitar-se 150 minutos por semana, dormir bem e até levar o cachorro para passear são pequenos passos para a grande vitória contra a síndrome do excesso de peso no país.  (www.emagrecebrasil.com.br)
01. (Mackenzie - 2012) - Assinale a alternativa correta sobre o texto. 
a) É uma carta aberta com estrutura rígida que apresenta o ponto de vista de seu autor sem chegar, no entanto, a uma conclusão específica. 
b) É um relato, considerando que há transmissão de um posicionamento pessoal situado num tempo e espaço específicos. 
c) Por conter dados estatísticos, caracteriza-se essencialmente como um relatório de apresentação de resultados obtidos em um procedimento específico. 
d) A narração no tempo presente de um fato cotidiano permite que se classifique o texto como um gênero leve de narrativa, tal como na crônica. 
e) A finalidade do texto é esclarecer e orientar a população sobre determinado assunto e persuadi-la a uma mudança de comportamento.

02. (Mackenzie - 2012) - Assinale a alternativa que melhor explica o significado de síndrome tal como presente no texto. 
a) Estado de obesidade em que se encontra a população. 
b) Associação de uma situação crítica a um conjunto de sinais e características. 
c) Equivalente a hipertensão, obesidade e colesterol alto. 
d) Medo diante de uma situação muito crítica. 
e) Restrição física, mental ou sensorial, causada por fatores sociais.

03. (Mackenzie - 2012) - Assinale a alternativa correta. 
a) O texto explora fundamentalmente uma questão estética em relação ao aumento de peso, sugerindo, na sua conclusão, estratégias para voltar à boa forma. 
b) Por meio de um confronto de argumentos, há no texto uma discussão implícita a respeito de a obesidade ser incorretamente tachada de doença no mundo ocidental. 
c) Há, na exposição das ideias do texto, comparações que possibilitam ao leitor verificar que a obesidade é um problema exclusivamente norte-americano. 
d) O texto defende que a obesidade é um problema essencialmente masculino, relacionado ao sedentarismo dos envolvidos exclusivamente com o trabalho. 
e) Por meio de uma linguagem clara e objetiva, o texto associa a obesidade não só a uma questão de saúde pública, mas também a uma necessária alteração de hábitos.


(FAMEMA 2017) - QUESTÃO

Leia o texto de Richard Conniff a seguir

Consideremos, por exemplo, a questão da morte, que, pelo menos à primeira vista, parece ser um indicador fidedigno de que se perdeu a luta darwiniana. Os ricos também morrem, é claro – só que não tão cedo. Levam uma vida mais longa e mais sadia do que o resto de nós. Diz o velho clichê que todo dinheiro do mundo não significa nada quando não se tem saúde, mas as pessoas endinheiradas geralmente a têm. E, em média, quanto mais dinheiro têm, melhor é sua saúde. O estudo Longitudinal de 1990, no Reino Unido, constatou que os donos de casa própria que têm um automóvel tendem a morrer mais moços do que os que têm dois, e assim sucessivamente, num “gradiente contínuo” de redução de mortalidade que vai das áreas mais desprivilegiadas até as mais opulentas. (O estudo considerou a posse de automóveis meramente como uma medida conveniente da riqueza; não pretendeu implicar que ter vinte carros qualificaria Elton John para a imortalidade.)
Outras pesquisas indicaram que as pessoas abastadas tinham vida mais longa no passado. Numa das mais estranhas pesquisas demográficas de que se tem notícia, uma equipe de epidemiologistas e psicólogos vasculhou o cemitério de Glasgow, em meados dos anos 90, munidos de varas de limpar chaminés. Usaram-nas para medir a altura de mais de oitocentos obeliscos do século XIX. As pessoas enterradas sob os obeliscos tendem a ser abastadas, e os pesquisadores presumiram que os obeliscos mais altos marcariam as sepulturas mais ricas. O estudo revelou que cada metro extra de altura do obelisco traduzia-se em quase dois anos de longevidade adicional para a pessoa sepultada sob ele. 
(História natural dos ricos, 2004. Adaptado.)

“Diz o velho clichê que todo dinheiro do mundo não significa nada quando não se tem saúde”. 

Assinale a alternativa que estabelece a correta relação entre o texto e o clichê citado. 

A) O texto relativiza o clichê, notando que há uma correlação direta entre a saúde das pessoas e o dinheiro que elas têm. 
B) O texto confirma a afirmação do clichê, trazendo dados numéricos e rigor científico ao que o clichê afirmava a partir da sabedoria popular. 
C) O texto contesta o que o clichê diz, afirmando que, mesmo para pessoas com saúde debilitada, o dinheiro pode amenizar os sofrimentos durante o tempo que precede a morte. 
D) O texto relativiza o clichê, questionando com dados e pesquisas científicas atualizadas os dados em que o clichê se baseia. 
E) O texto contesta a validade do clichê, afirmando que pessoas mais saudáveis tendem a ganhar mais dinheiro.

________________________________________ RESPOSTA: A

(FAMEMA 2017) - QUESTÃO

Leia o Texto de Claudia Wallin a seguir

Vossas excelências, ilustríssimos senhores e senhoras, trago notícias urgentes de um reino distante. É mister vos alertar, Vossas Excelências, que nesta estranha terra os habitantes criaram um país onde os mui digníssimos e respeitáveis representantes do povo são tratados, imaginem Vossas Senhorias, como o próprio povo. Insânia! Dirão que as histórias que aqui relato são meras alucinações de contos de fada, pois há neste rico reino, que chamam de Suécia, rei, rainha e princesas. Mas não se iludam! Os habitantes desta terra já tiraram todos os poderes do rei, em nome de uma democracia que proclama uma tal igualdade entre todos, e o que digo são coisas que tenho visto com os olhos que esta mesma terra um dia há de comer. 
Nestas longínquas comarcas, os mui distintos parlamentares, ministros e prefeitos viajam de trem ou de ônibus para o trabalho, em sua labuta para adoçar as mazelas do povo. De ônibus, Eminências! E muitos castelos há pelos quatro cantos deste próspero reino, mas aos egrégios representantes do povo é oferecido abrigo apenas em pífias habitações de um cômodo, indignas dos ilustríssimos defensores dos direitos dos cidadãos e da democracia. 
Este reino está cercado por outros ricos reinos, numa península chamada Escandinávia, onde também há príncipes e reis, e onde os representantes do povo vivem como sobrevive um súdito qualquer. E isto eu também vi, com os olhos que esta terra há de comer: em um dos povos vizinhos, conhecido como o reino dos noruegueses, os nobres representantes do povo chegam a almoçar sanduíches que trazem de casa, e que tiram dos bolsos dos paletós quando a fome aperta. 
É preciso cautela, Vossas Excelências. Deste reino, que chamam de Suécia ainda pouco se ouve falar. Mas as notícias sobre o igualitário reino dos suecos se espalham. 
Estocolmo, 6 de janeiro de 2013. 
(Um país sem excelências e mordomias, 2014. Adaptado.)

Quanto aos recursos formais e ao conteúdo, o texto 

A) utiliza padrões de formalidade adequados à descrição de povos desconhecidos, por reverência regimental tanto a tais povos quanto ao leitor do relato. 
B) emprega linguagem simples e objetiva a fim de mimetizar o comportamento simplório dos dirigentes do povo retratado no relato. 
C) critica a falta de formalidade e a pobreza linguística do povo retratado, utilizando os padrões de linguagem da norma culta. 
D) elogia a rígida formalidade com que se comportam os dirigentes do povo retratado, utilizando no relato um padrão de linguagem elevado. 
E) contrapõe ironicamente a simplicidade do comportamento de membros da população retratada à linguagem rebuscada e cheia de reverências utilizada no relato.

________________________________________ RESPOSTA: E

(FAMEMA 2017) - QUESTÃO

A estrada
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
[bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz
 [dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
(Estrela da vida inteira, 2009.)

O poema acima, de Manuel Bandeira, faz referência

A) à pobreza do campo, quando comparada à riqueza das cidades.
B) à possibilidade de as cidades se expandirem em direção ao campo.
C) à beleza que surge do crescimento e da modernização dos ambientes urbanos.
D) à importância do jovem na construção de uma sociedade melhor.
E) à desumanização dos indivíduos no processo de homogeneização das cidades.

_________________________________________  RESPOSTA: E

(INSPER 2014) - QUESTÃO

Barreira da língua
Cenário: um posto de saúde no interior do Maranhão. 
– Buenos dias, señor, o que siente? 
– pergunta o médico. 
– Tô com dor no bucho, comi uma tapioca reimosa, me deu um empachamento danado. Minha cabeça ficou pinicando, deu até um farnizim no juízo. 
– Butcho? Tapiôka? Empatchamiento? Pinicón? Far new zeen??? 

O trecho acima é de uma piada que circula no Hospital das Clínicas de São Paulo sobre as dificuldades de comunicação que os médicos estrangeiros deverão enfrentar nos rincões do Brasil. (...) 
(Claúdia Colucci, Folha de S. Paulo, 03/07/2013.)

A frase inicial da piada apresentada no Texto, atribuída a um fictício médico estrangeiro que teria vindo trabalhar no Brasil, permite inferir que esse profissional 

a) só pode ter vindo ou de Cuba ou de outro país da América Latina. 
b) é falante nativo da língua portuguesa, embora não brasileiro. 
c) certamente é brasileiro, mas formou-se fora do Brasil. 
d) só pode ter vindo de um país de origem germânica. 
e) é falante ou tem conhecimentos da língua espanhola.

RESPOSTA: E

(Insper 2013) - QUESTÃO

Débora. O nome já é um atestado de saúde, com suas vogais explosivas. Ela tem dezenove anos e faz sensação na praia com seu corpão que o biquíni só tapa aqui e alizinho. Os seios transbordam. Com cada uma de suas pernas daria para fazer outra mulher, e que mulher! Ela corre na praia diariamente, faz surf e musculação e contam que todos os dias, no almoço, come um homem dos pequenos. E deu bola para o Pio. 

O Pio, que recebeu este nome da mãe religiosa, mas o desmente desde os treze anos, mal pôde acreditar. Os amigos o incentivaram: “Vai nessa”. Mas com uma condição. Tinha que contar tudo. Mulher como aquela tinha que ser compartilhada, mesmo que fosse só contando. Por uma elementar questão de justiça social. Débora e Pio começaram a namorar. (Luís Fernando Veríssimo. “Emoção”)

O autor utiliza diferentes recursos para apresentar a personagem Débora. Um dos recursos que enaltecem a beleza do corpo da personagem é 

a) o contraste entre sua beleza delicada e seu comportamento bruto. 
b) a sonoridade de todos os fonemas que compõem seu nome. 
c) a oposição entre o físico bem torneado e a pequenez do biquíni. 
d) a vulgaridade da jovem que se expõe na praia. 
e) a sua caracterização como inacessível.

RESPOSTA: C

(Insper 2013) - QUESTÃO

Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: — Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? — Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
(Padre Antônio Vieira. Sermão do Bom Ladrão)

O excerto permite inferir que o objetivo do autor é 

a) enaltecer o trabalho dos pescadores que foram capazes de capturar um pirata que lhes roubara. 
b) propor uma reflexão filosófica para defender a manutenção do poder dos imperadores. 
c) mobilizar os pescadores a combaterem a pirataria e a lutarem pela justiça. 
d) demonstrar que a concepção de ladrão decorre de fatores como as relações de poder na sociedade. 
e) ensinar que a cumplicidade dos envolvidos tem o poder de atenuar o crime de roubo.

RESPOSTA: D

(Insper 2013) - QUESTÃO

O diminutivo que aumenta

O diminutivo virou uma espécie de divisor de águas para o brasileiro. Em Portugal, onde a ambiguidade linguística tem menor voltagem e toda conversa arrisca-se a seguir o pé da letra, as pessoas tendem a flexionar o grau do substantivo com a consciência de que pão é pão, queijo é queijo – posto que um diminutivo serve é para diminuir e um aumentativo, para aumentar. Além-mar a ênfase é outra. Quando convém, o diminutivo funciona como aumentativo no Brasil, porque exploramos, como ninguém, o uso dos adjetivos com flexão típica do diminutivo, mas com função superlativa. (...) 
Disponível no nosso armazém de secos e molhados que é a língua, o adjetivo superlativo ficou reservado para ocasiões propícias. Comparado ao brasileiro, o português usa o recurso com imenso recato. 
(Adaptado, Revista Língua, n.º 1)

No último parágrafo, a língua é comparada a um armazém de secos e molhados porque, tal como nesse tipo de estabelecimento comercial, ela

a) oferece formas “customizadas”. 
b) apresenta caráter conservador. 
c) permite fazer permutas. 
d) é elitizada, acessível a poucas pessoas. 
e) comporta variedade de opções.

RESPOSTA: E

(FEMEMA 2016) - QUESTÃO


Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza; Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão.
Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial.
Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que se fazia íntima com ela, e desejava ardentemente vê-la casada, dirigiu- -lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz elegante que chegara recentemente da Europa: 
− É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sorrindo; vale bem como noivo cem contos de réis; mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me contento com esse. 
Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas de moça espirituosa; porém a maior parte das senhoras, sobretudo aquelas que tinham filhas moças, não cansavam de criticar desses modos desenvoltos, impróprios de meninas bem-educadas. 
Os adoradores de Aurélia sabiam, pois ela não fazia mistério, do preço de sua cotação no rol da moça; e longe de se agastarem com a franqueza, divertiam-se com o jogo que muitas vezes resultava do ágio de suas ações naquela empresa nupcial.
(Senhora, 2013. Adaptado.)

A personagem Aurélia é descrita no trecho como 

(A) uma jovem deslumbrada com o poder que sua beleza produz sobre os rapazes com quem convivia. 
(B) uma pessoa que avalia a partir de critérios monetários os rapazes que se apresentam como postulantes a se casarem com ela. 
(C) alguém que esconde as intenções mais mesquinhas atrás de uma aparência sociável e generosa. (D) uma mulher admirada por todos por causa de seu senso prático, inclusive no que se refere às questões afetivas. 
(E) uma moça independente, que não abriria mão de seu trabalho por causa das atribuições no casamento.

RESPOSTA: B

(FEMEMA 2016) - QUESTÃO

Leia o excerto do poema “Nosso tempo”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado originalmente em 1945 no livro A rosa do povo, para responder a questão a seguir. 

Este é tempo de partido, 
tempo de homens partidos. 

Em vão percorremos volumes, 
viajamos e nos colorimos. 
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua. 
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. 
As leis não bastam. Os lírios não nascem 
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra. 

[...] 

O poeta 
declina de toda responsabilidade 
na marcha do mundo capitalista 
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas 
promete ajudar 
a destruí-lo 
como uma pedreira, uma floresta, 
um verme. 

(Reunião, 1969.)

No excerto, o eu lírico

(A) cria imagens para concretizar uma utopia capitalista, em contraposição ao mundo socialista então vigente. 
(B) lamenta que alguns poetas, ao utilizarem a arte como instrumento para uma causa política, esqueçam-se da prioridade do valor estético da poesia. 
(C) manifesta uma inquietação diante do momento histórico, colocando-se a serviço de uma transformação social, econômica e política. 
(D) defende que a beleza pode nascer em qualquer situação, não apenas no domínio das obras artísticas. 
(E) julga que são ínfimos os recursos do poeta, se o que se pretende é uma transformação social que ultrapasse os limites da estética.

RESPOSTA: C

(PUC-PR 2016) - QUESTÃO

A parte final do texto a seguir foi retirada, como indicado pelas reticências. Analise as frases que seguem e marque a alternativa que apresenta o desfecho mais coerente para o final do texto. 

Presidente ou presidenta? 

Se quisesse seguir a lei com um rigor, digamos, ortodoxo para seus hábitos, o brasileiro teria de oficialmente referir-se a Dilma Rousseff como "presidenta". Sim, a Lei Federal 2.749, de 1956, do senador Mozart Lago (1889-1974), determina o uso oficial da forma feminina para designar cargos públicos ocupados por mulheres. Era letra morta. Até o país escolher sua primeira mulher à Presidência da República. Criada num pós-guerra em que os países incorporaram direitos em resposta a movimentos sociais, a lei condiciona o uso flexionado ao que for admitido pela gramática. O que daria vez à forma "presidente". O problema é que não há consenso linguístico que justifique opção contrária à lei. Em novembro, muitos professores, gramáticos e dicionaristas se apressaram em dizer que tanto "a presidente" como "presidenta" são legítimas. (...) 

I. Mas número equivalente tomou "presidenta" como neologismo avesso ao sistema da língua. 
II. Mas o termo “presidenta” tornou-se completamente aceito na língua. 
III. Mas número equivalente tomou “presidenta” como o neologismo mais aceito no sistema da língua. 

A) Somente I e II são coerentes para o final do texto. 
B) Somente II é coerente para o final do texto. 
C) Somente III é coerente para o final do texto. 
D) Somente II e III são coerentes para o final do texto. 
E) Somente I é coerente para o final do texto.

RESPOSTA: E

(PUC-PR 2016) - QUESTÃO

Leia o parágrafo a seguir, analise o conteúdo das cinco alternativas e indique o que for VERDADEIRO em relação ao texto. 

O fracasso – e a redenção – dos cursos on-line 

Quando os MOOCs (massive open online courses, ou cursos on-line gratuitos maciços) surgiram, a esperança geral era de que dariam acesso irrestrito à educação – incluindo para comunidades remotas nas regiões mais pobres do mundo. Mas logo se observou que os usuários só costumam completar 4% do curso em que se matriculam. Uma nova pesquisa, no entanto, mostra o perfil das pouquíssimas pessoas que assistem às aulas até o final: são professores. De acordo com a pesquisa, a maior parte de quem se forma nos MOOCs tem um diploma universitário e dá aulas. Assim, funciona como aperfeiçoamento profissional. Disponível em: Super Interessante, ed. 350, Ago. 2015, P. 16. 

I. Os MOOCs são a salvação da educação on-line. 
II. Os professores assistem as aulas on-line até o final. 
III. A maioria das pessoas costuma completar somente 4% do curso. 
IV. Apenas uma pequena parcela possui diploma universitário ao terminar os MOOCs. 
V. Todos que assistem às aulas são de comunidades pobres. 

A) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. 
B) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. 
C) Somente as afirmativas III e V são verdadeiras. 
D) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. 
E) Somente as afirmativas II e V são verdadeiras. 

RESPOSTA: D

(UNICAMP 2016) - QUESTÃO (Q 0457)

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.
(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:

a) O verbo “equivale” relaciona a valorização da malandragem à negação da justiça, da igualdade perante a lei e das instituições democráticas.
b) Entre os pares de termos “benigna/maligna” e “maximalista/reducionista” estabelece-se no texto uma relação semântica de equivalência.
c) O elogio da malandragem reside na valorização da criatividade adaptativa e da sensibilidade em contraposição à fria aplicação da lei.
d) O articulador discursivo “porém” introduz um argumento que se contrapõe à proposta de valorização da malandragem. 

________________
RESPOSTA: A

(UNICAMP 2016) - QUESTÃO (Q 0456)

Leia com atenção o texto abaixo.

Nunca conheci quem tivesse sido tão feliz como nas redes sociais

(...) Eu tenho inveja de mim no Instagram. (…) Eu queria ser feliz como eu sou no Instagram. Eu queria ter certeza, como eu tenho no Facebook, sobre as minhas posições políticas. E no Twitter, bem, no Twitter eu não sou tão feliz nem certa e é por isso que de longe essa ganha como rede social de mi corazón. E quanto mais eu me sinto angustiada (quem nunca?), mais eu entro no Instagram e vejo a foto das pessoas superfelizes. E mais angustiada eu fico. Por mais que eu saiba que aquela felicidade é de mentira. Outro dia uma editora de moda que faz muito sucesso no Instagram escreveu em uma legenda: "até que estou bem depois de tomar um stillnox e um rivotril." (!!!!! Gente!)
Mas ufa, ela assumiu. Até então, seus seguidores talvez pudessem achar que ela era uma super-heroína que nunca tinha levado porrada (nem conhecido quem tivesse tomado). Ela viaja de um lado para o outro, acorda cedo, mas tem uma decoração linda na mesa, viaja de país em país. Trabalha loucamente. Mas ela sempre está disposta e apaixonada pelo que faz. Escuta! Quanta mentira! Nenhuma de nós está apaixonada o tempo todo pelo que faz. Eu, hoje, escrevi esse texto com muito esforço. Eu, hoje, estou achando que eu escrevo mal e que perdi o jeito para a coisa. Quem nunca? Quem nunca muitas vezes? Quem estamos querendo enganar? A gente. Mas tem vezes, como agora, em que não dá. Eu queria muito voltar no tempo quando as redes sociais não existiam só para lembrar como era… Às vezes eu acho que, com todas as vantagens da vida em rede…, talvez a gente se sentisse melhor. Sério.
"Estou farto de semideuses. Onde é que há gente nesse mundo?", grita o Fernando Pessoa lá do túmulo.
(Adaptado de Nina Lemos, disponível em http://revistatpm. uol.com.br/blogs/berlimmandaavisar/2015/07/13/nunca-conheci-quemtivesse-sido-tao-feliz-como-nas-redes-sociais.html.)

Considerando os recursos linguísticos e discursivos presentes na configuração do texto, é correto afirmar que:

a) “Nunca conheci quem tivesse sido tão feliz como nas redes sociais / Eu tenho inveja de mim no Instagram” é um enunciado que se espelha nos versos “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”, do Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa, por meio do recurso ao paralelismo e estruturas sintáticas.
b) No texto de Nina Lemos, alguns recursos linguísticos e discursivos são mobilizados de modo a promover um tipo particular de interação entre o produtor do texto e seus leitores por meio de diálogos entre personagens, pontuação com funções estilisticamente diversas, um léxico de natureza coloquial e perguntas retóricas.
c) Baseado no Poema em Linha Reta de Fernando Pessoa, o texto de Nina Lemos apresenta argumentos para convencer seus leitores de que ela tem uma vida difícil em relação à de outras pessoas felizes que conhece pelo Instagram, e de que é possível mostrar a essas pessoas que a vida não é tão boa quanto parece.
d) O texto de Nina Lemos apresenta uma organização textual e sintática típica da esfera jornalística, que se caracteriza pelo uso de marcas de oralidade como o recurso a sequências de diálogos (“Quem estamos querendo enganar? A gente.”), o uso de marcadores discursivos (“bem”, “sério”) e de enunciados inseridos (“quem nunca?”).

_________________
RESPOSTA: B

(UNICAMP 2016) - QUESTÃO (Q 0455)

Leia o poema “Mar Português”, de Fernando Pessoa.

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html.)

No poema, a apóstrofe, uma figura de linguagem, indica que o enunciador

a) convoca o mar a refletir sobre a história das navegações portuguesas.
b) apresenta o mar como responsável pelo sofrimento do povo português.
c) revela ao mar sua crítica às ações portuguesas no período das navegações.
d) projeta no mar sua tristeza com as consequências das conquistas de Portugal.


(UNICAMP 2016) - QUESTÃO (Q 0454)

Cem anos depois

Vamos passear na floresta
Enquanto D. Pedro não vem.
D. Pedro é um rei filósofo,
Que não faz mal a ninguém.
Vamos sair a cavalo,
Pacíficos, desarmados:
A ordem acima de tudo.
Como convém a um soldado.
Vamos fazer a República,
Sem barulho, sem litígio,
Sem nenhuma guilhotina,
Sem qualquer barrete frígio.
Vamos, com farda de gala,
Proclamar os tempos novos,
Mas cautelosos, furtivos,
Para não acordar o povo.
(José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2008, p.43.)

O tom irônico do poema em relação à história do Brasil põe em evidência

a) o modo como a democracia surge no Brasil por interferência do Imperador.
b) a maneira despótica como os republicanos trataram os símbolos nacionais.
c) a postura inconsequente que sempre caracterizou os governantes do Brasil.
d) a forma astuciosa como ocorreram os movimentos políticos no Brasil.

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RESPOSTA D

(UNICAMP 2016) - QUESTÃO (Q 0453)

No conto “Amor”, de Clarice Lispector, a percepção da personagem Ana, em relação ao seu mundo, é alterada de forma significativa pelo seguinte acontecimento:

a) os ovos quebrados no embrulho do jornal, que simbolizam a mudança psicológica da protagonista no relato ficcional.
b) o cego parado no ponto do bonde, que modifica a visão da protagonista em relação aos vínculos familiares.
c) o estouro do fogão da cozinha, que significa, no percurso narrativo, a ruptura psíquica da protagonista com a opressão da vida matrimonial.
d) a aparição súbita do gato no Jardim Botânico, que deflagra uma reviravolta afetiva de Ana com o seu amante.

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RESPOSTA B 

(UNICAMP 2016) - QUESTÃO (Q 0452)

Considere que uma das funções da comédia é corrigir os costumes ou criticar os valores de uma sociedade em um período histórico. O cômico em Lisbela e o prisioneiro é

a) progressista, porque as ações dramáticas das personagens afrontam a ordem policial e familiar e revelam a inconsistência moral dessa ordem.
b) liberal, porque visa a restaurar a ordem hierárquica das personagens de classe social superior em um mundo marcado por corrupção moral e religiosa.
c) radical, porque Citonho e Lisbela planejam a fuga dos presos, rompendo com o pacto da autoridade policial e com a norma do casamento monogâmico.
d) revolucionário, porque Frederico Evandro encarna a figura do justiceiro que desmoraliza a autoridade corrupta e os falsos sentimentos.
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RESPOSTA: A