(FAMEMA 2017) - QUESTÃO

Leia o Texto de Claudia Wallin a seguir

Vossas excelências, ilustríssimos senhores e senhoras, trago notícias urgentes de um reino distante. É mister vos alertar, Vossas Excelências, que nesta estranha terra os habitantes criaram um país onde os mui digníssimos e respeitáveis representantes do povo são tratados, imaginem Vossas Senhorias, como o próprio povo. Insânia! Dirão que as histórias que aqui relato são meras alucinações de contos de fada, pois há neste rico reino, que chamam de Suécia, rei, rainha e princesas. Mas não se iludam! Os habitantes desta terra já tiraram todos os poderes do rei, em nome de uma democracia que proclama uma tal igualdade entre todos, e o que digo são coisas que tenho visto com os olhos que esta mesma terra um dia há de comer. 
Nestas longínquas comarcas, os mui distintos parlamentares, ministros e prefeitos viajam de trem ou de ônibus para o trabalho, em sua labuta para adoçar as mazelas do povo. De ônibus, Eminências! E muitos castelos há pelos quatro cantos deste próspero reino, mas aos egrégios representantes do povo é oferecido abrigo apenas em pífias habitações de um cômodo, indignas dos ilustríssimos defensores dos direitos dos cidadãos e da democracia. 
Este reino está cercado por outros ricos reinos, numa península chamada Escandinávia, onde também há príncipes e reis, e onde os representantes do povo vivem como sobrevive um súdito qualquer. E isto eu também vi, com os olhos que esta terra há de comer: em um dos povos vizinhos, conhecido como o reino dos noruegueses, os nobres representantes do povo chegam a almoçar sanduíches que trazem de casa, e que tiram dos bolsos dos paletós quando a fome aperta. 
É preciso cautela, Vossas Excelências. Deste reino, que chamam de Suécia ainda pouco se ouve falar. Mas as notícias sobre o igualitário reino dos suecos se espalham. 
Estocolmo, 6 de janeiro de 2013. 
(Um país sem excelências e mordomias, 2014. Adaptado.)

Quanto aos recursos formais e ao conteúdo, o texto 

A) utiliza padrões de formalidade adequados à descrição de povos desconhecidos, por reverência regimental tanto a tais povos quanto ao leitor do relato. 
B) emprega linguagem simples e objetiva a fim de mimetizar o comportamento simplório dos dirigentes do povo retratado no relato. 
C) critica a falta de formalidade e a pobreza linguística do povo retratado, utilizando os padrões de linguagem da norma culta. 
D) elogia a rígida formalidade com que se comportam os dirigentes do povo retratado, utilizando no relato um padrão de linguagem elevado. 
E) contrapõe ironicamente a simplicidade do comportamento de membros da população retratada à linguagem rebuscada e cheia de reverências utilizada no relato.

________________________________________ RESPOSTA: E

O texto contém vocativos, como “Vossas excelências”, utilizados em espaços institucionais de grande formalidade e de uso protocolar entre parlamentares. Esse emprego e a linguagem rebuscada do texto contrastam com o simplicidade de vida povo retratado no texto: os suecos.

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