O diminutivo que aumenta
O diminutivo virou uma espécie de divisor de águas para
o brasileiro. Em Portugal, onde a ambiguidade
linguística tem menor voltagem e toda conversa arrisca-se
a seguir o pé da letra, as pessoas tendem a flexionar o
grau do substantivo com a consciência de que pão é pão,
queijo é queijo – posto que um diminutivo serve é para
diminuir e um aumentativo, para aumentar. Além-mar a
ênfase é outra. Quando convém, o diminutivo funciona
como aumentativo no Brasil, porque exploramos, como
ninguém, o uso dos adjetivos com flexão típica do
diminutivo, mas com função superlativa. (...)
Disponível no nosso armazém de secos e molhados que é
a língua, o adjetivo superlativo ficou reservado para
ocasiões propícias. Comparado ao brasileiro, o
português usa o recurso com imenso recato.
(Adaptado, Revista Língua, n.º 1)
No último parágrafo, a língua é comparada a um armazém
de secos e molhados porque, tal como nesse tipo de
estabelecimento comercial, ela
a) oferece formas “customizadas”.
b) apresenta caráter conservador.
c) permite fazer permutas.
d) é elitizada, acessível a poucas pessoas.
e) comporta variedade de opções.
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“Armazém de secos e molhados” é “um estabelecimento comercial de grande tamanho que oferece
rica variedade de produtos” (Dicionário Houaiss). Ao
associar a língua a um “armazém de secos e
molhados”, o autor do texto refere-se às múltiplas
possibilidades da língua.
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