Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar
Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua
presença um pirata que por ali andava roubando os
pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em
tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem
lerdo, respondeu assim: — Basta, senhor, que eu, porque
roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em
uma armada, sois imperador? — Assim é. O roubar pouco
é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco
poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
(Padre Antônio Vieira. Sermão do Bom Ladrão)
O excerto permite inferir que o objetivo do autor é
a) enaltecer o trabalho dos pescadores que foram capazes
de capturar um pirata que lhes roubara.
b) propor uma reflexão filosófica para defender a
manutenção do poder dos imperadores.
c) mobilizar os pescadores a combaterem a pirataria e a
lutarem pela justiça.
d) demonstrar que a concepção de ladrão decorre de
fatores como as relações de poder na sociedade.
e) ensinar que a cumplicidade dos envolvidos tem o
poder de atenuar o crime de roubo.
RESPOSTA: D
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Vieira relativiza o conceito de ladrão com a história
do pirata, que era ladrão porque roubava pouco, e
Alexandre, que era imperador porque roubava muito.
Como ambos roubavam, conclui-se que a classificação
como ladrão depende não da ação de roubar, mas da
quantidade roubada.
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