A imagem da relação patrão-empregado geralmente
veiculada pelas classes dominantes brasileiras na
República Velha era de que esta relação se assemelhava
em muitos aspectos à relação entre pais e filhos. O patrão
era uma espécie de “juiz doméstico” que procurava guiar
e aconselhar o trabalhador, que, em troca, devia realizar
suas tarefas com dedicação e respeitar o seu patrão.
CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim:
o cotidiano dos trabalhadores do Rio de Janeiro
da Belle Époque. Campinas: Unicamp. 2001.
No contexto da transição do trabalho escravo para o
trabalho livre, a construção da imagem descrita no texto
tinha por objetivo
a) esvaziar o conflito de uma relação baseada na desigualdade entre os indivíduos que dela participavam.
b) driblar a lentidão da nascente Justiça do Trabalho, que
não conseguia conter os conflitos cotidianos.
c) separar os âmbitos público e privado na organização
do trabalho para aumentar a eficiência dos funcionários.
d) burlar a aplicação das leis trabalhistas conquistadas
pelos operários nos primeiros governos civis do
período republicano.
e) compensar os prejuízos econômicos sofridos pelas
elites em função da ausência de indenização pela
libertação dos escravos.
Resposta: A
A questão aborda a relação entre patrão e empregado
(sem especificar o ambiente em que ela se dá) no início
do Brasil República, considerando-a como sucessora
das relações escravistas vigentes até pouco antes.
Segundo essa interpretação, o patrão apresentar-se-ia
como “juiz” e “pai”, humanizando seus laços com o
subordinado para mascarar a desigualdade social
existente entre as duas partes.