(UNESP 2020) - QUESTÃO

Leia o soneto “VII”

Onde estou? Este sítio desconheço:

Quem fez tão diferente aquele prado?

Tudo outra natureza tem tomado,

E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço

De estar a ela um dia reclinado;

Ali em vale um monte está mudado:

Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,

Que faziam perpétua a primavera:

Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era;

Mas que venho a estranhar, se estão presentes

Meus males, com que tudo degenera!

(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)

O tom predominante no soneto é de 

a) ingenuidade. 

b) apatia. 

c) ira. 

d) ironia. 

e) perplexidade.


O eu poemático inicia o soneto com interrogações (“Onde estou?”, “Quem fez tão diferente aquele prado?”) que revelam seu espanto ao se encontrar em um lugar que, outrora conhecido, parece, no momento da enunciação, diferente. Conclui então que as alterações são aparentes, pois são fruto da perturbação interna, da confusão de seu estado interior (“Meus males, com que tudo degenera!”), o que condiz com a ideia de perplexidade.

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