Um medo assombrou a segunda metade do século
XVIII: o espaço escuro, o anteparo da escuridão que
impede a total visibilidade das coisas, das pessoas, das
verdades. Dissolver os fragmentos de noite que se opõem
à luz, fazer com que não haja mais espaço escuro na
sociedade, demolir estas câmaras obscuras onde se
fomentam o arbitrário político, os caprichos da monarquia, as superstições religiosas, os complôs dos tiranos e
dos padres, as ilusões da ignorância, as epidemias.
(Michel Foucault. Microfísica do poder, 1988.)
No pensamento iluminista do século XVIII europeu, a
“escuridão” mencionada no texto é frequentemente
associada
a) às revoltas populares e à defesa da igualdade social.
b) ao poder da Igreja e ao absolutismo monárquico.
c) ao crescimento do banditismo e à decadência da
aristocracia.
d) ao avanço do liberalismo e à crise da produção industrial.
e) à ascensão burguesa e às críticas à Igreja católica.
Resposta: B
O pensamento iluminista, representativo dos
interesses da burguesia no século XVIII, combatia,
entre outros componentes do Antigo Regime (como o
intervencionismo mercantilista), o absolutismo
monárquico e o dogmatismo da Igreja, contrapondo-lhes,
respectivamente, o liberalismo político e o
racionalismo.