Em algumas línguas de Moçambique não existe a
palavra “pobre”. O indivíduo é pobre quando não tem
parentes. A pobreza é a solidão, a ruptura das relações
familiares que, na sociedade rural, servem de apoio à
sobrevivência. Os consultores internacionais,
especialistas em elaborar relatórios sobre a miséria,
talvez não tenham em conta o impacto dramático da
destruição dos laços familiares e das relações de
entreajuda. Nações inteiras estão tornando-se “órfãs”, e
a mendicidade parece ser a única via de uma agonizante
sobrevivência.
COUTO, M. E se Obama fosse africano? & outras intervenções.
Portugal: Caminho, 2009 (adaptado).
Em uma leitura que extrapola a esfera econômica, o autor
associa o acirramento da pobreza à
a) afirmação das origens ancestrais.
b) fragilização das redes de sociabilidade.
c) padronização das políticas educacionais.
d) fragmentação das propriedades agrícolas.
e) globalização das tecnologias de comunicação.
O texto apresentado pela questão nos traz uma
compreensão da pobreza diversa da compreensão a
que comumente estamos habituados, a de que o
indivíduo pobre é aquele desprovido de recursos
materiais e financeiros necessários a sua sobre -
vivência. Para o autor do excerto, em Moçambique, o
indivíduo é pobre quando não tem parentes, vive
sozinho, situação marcada pela destruição dos laços
familiares, o que leva à fragilização de suas redes de
sociabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
OBRIGADO PELO COMENTÁRIO!