(SANTA CASA 2017) - QUESTÃO

O povo não tem sempre o costume assinalado de pôr uma pessoa qualquer à sua frente, fomentando o desenvolvimento da sua grandeza? [...] 
É, portanto, evidente que, quando a tirania se origina, é da semente deste protetor, e não de outra, que ela germina. [...] 
Porventura não é também assim que aquele que está à frente do povo e que, apanhando a multidão a obedecer-lhe, não se abstém do sangue dos da sua tribo [...]? Acaso para um homem assim não é forçoso, depois disto, e fatal, que pereça às mãos dos seus inimigos ou que se torne um tirano, transformando-se de homem em lobo? 

(Platão. A República, 1987.) 

Platão (428 a.C. - 348 a.C.), em A República, identifica os vários tipos de governos e governantes da Grécia Antiga. 

No texto, caracteriza-se a tirania como 

a) uma tendência absolutista comum em Esparta, que valorizava o respeito total aos governantes. 
b) uma etapa posterior à democracia, com a ascensão de legisladores dotados de pleno poder. 
c) um fenômeno que resultava da relação ambígua entre governantes autoritários e a população. 
d) uma forma de governo típica das pequenas cidades gregas, marcada pela irracionalidade dos governantes. 
e) uma estratégia de controle oligárquico, que favorecia os interesses das classes nobres da cidade.

                                                                                                                             Resposta: C

A “relação ambígua” mencionada por Platão refere-se à ligação entre o tirano e as camadas populares que, ao lhe darem sustentação, proporcionam-lhe o poder necessário para reprimir, se preciso for, elementos pertencentes a essas mesmas camadas.