(PUC - RJ 2018) - QUESTÃO

“Tudo delira e todos nós estamos atacados de megalomania. De quando em quando, dá-nos essa moléstia e nós esquecemos de obras vistas, de utilidade geral e social, para pensar só nesses arremedos parisienses, nessas fachadas e ilusões cenográficas. Não há casas, entretanto, queremos arrasar o morro do Castelo, tirando habitação de alguns milhares de pessoas” 
“Megalomania”, Lima Barreto 

De acordo com essa crônica de 1920 sobre o projeto do prefeito Carlos Sampaio para a cidade do Rio de Janeiro, é INCORRETO afirmar que o autor: 

a) questiona no projeto elementos antidemocráticos e contrários ao princípio da igualdade social, os quais não correspondiam à concepção de República das elites da época. 
b) critica projetos de reforma urbana que não atendem aos interesses reais da maioria da população e promovem obras de caráter superficial no espaço. 
c) contesta a pretendida remodelação espacial, dentre outros motivos, pelo aumento da crise habitacional decorrente da demolição de casas populares. 
d) combate o arrasamento do morro do Castelo, obra que continuava o processo de expulsão dos trabalhadores do Centro, observado na Reforma Passos. 
e) discorda da ideia de que o Rio de Janeiro deveria ser uma espécie de Paris tropical — observando-se que, na época, a capital francesa era um centro irradiador de novidades. 

                                                                                                                             Resposta: A

A alternativa (a) está incorreta porque se tratava de uma ordem liberal, porém antidemocrática e resistente aos esforços de democratização, uma vez que os grupos políticos vitoriosos da República pouco fizeram em termos de expansão de direitos civis e políticos. Observa-se a exclusão das camadas pobres da arena política formal e a presença das hierarquias que subordinavam grande parte da população brasileira ao mando daqueles que imprimiam direção à República.