“Tudo delira e todos nós estamos atacados de megalomania.
De quando em quando, dá-nos essa moléstia
e nós esquecemos de obras vistas, de utilidade geral e
social, para pensar só nesses arremedos parisienses,
nessas fachadas e ilusões cenográficas.
Não há casas, entretanto, queremos arrasar o morro do
Castelo, tirando habitação de alguns milhares de pessoas”
“Megalomania”, Lima Barreto
De acordo com essa crônica de 1920 sobre o projeto do
prefeito Carlos Sampaio para a cidade do Rio de Janeiro,
é INCORRETO afirmar que o autor:
a) questiona no projeto elementos antidemocráticos e
contrários ao princípio da igualdade social, os quais
não correspondiam à concepção de República das elites
da época.
b) critica projetos de reforma urbana que não atendem
aos interesses reais da maioria da população e promovem
obras de caráter superficial no espaço.
c) contesta a pretendida remodelação espacial, dentre
outros motivos, pelo aumento da crise habitacional
decorrente da demolição de casas populares.
d) combate o arrasamento do morro do Castelo, obra
que continuava o processo de expulsão dos trabalhadores
do Centro, observado na Reforma Passos.
e) discorda da ideia de que o Rio de Janeiro deveria ser
uma espécie de Paris tropical — observando-se que,
na época, a capital francesa era um centro irradiador
de novidades.
Resposta: A
A alternativa (a) está incorreta porque se tratava de uma ordem liberal, porém antidemocrática e resistente aos
esforços de democratização, uma vez que os grupos políticos vitoriosos da República pouco fizeram em termos
de expansão de direitos civis e políticos. Observa-se a exclusão das camadas pobres da arena política formal e
a presença das hierarquias que subordinavam grande parte da população brasileira ao mando daqueles que
imprimiam direção à República.