Leia com atenção o documento abaixo:
[...] as povoações que os escravos fugidos fazem nos Mattos, a que naquele Estado chamam Mocambos, e no Brasil Quilombos em todo tempo foram muito prejudiciais às fazendas dos moradores, não só pela destruição que fazem nas culturas, mas por agregarem a si outros escravos, que convidados da liberdade da vida, e isenção de senhorio desamparam as mesmas fazendas, e associados uns com outros cometem todo gênero de insultos [...]
(Consulta do Conselho Ultramarino para o rei D. João V, sobre a carta dos oficiais da Câmara da cidade de Belém do Pará, sobre a conveniência de se proceder à escolta militar dos mocambos, durante a captura dos índios e escravos negros fugidos dos seus Donos, AHU, cx. 31, doc. 2977).
O documento refere-se à resistência escrava no Estado do Grão-Pará e Maranhão, onde as comunidades organizadas por escravos fugitivos eram denominadas de mocambos. Com base na leitura do documento, é correto afirmar:
(A) A diferença de denominação com relação às comunidades organizadas pelos escravos no Estado do Grão-Pará e Maranhão e no Estado do Brasil devia-se ao fato de que nos Mocambos se reuniam exclusivamente índios e nos Quilombos, exclusivamente negros, embora com o mesmo objetivo: resistir à colonização.
(B) As comunidades organizadas por escravos fugitivos acabavam por se tornar postos avançados da colonização portuguesa na Amazônia, e, paradoxalmente, garantias do domínio luso na região, já que funcionavam como “muralhas do sertão”, ou seja, como barreiras à penetração de estrangeiros.
(C) Nos mocambos ou quilombos, os escravos fugitivos montavam um sistema de produção agrícola de excedente, com o objetivo de fazer comércio com as cidades vizinhas, o que os tornava concorrentes dos colonos, cuja sobrevivência dependia da venda de sua produção às populações urbanas.
(D) No Estado do Grão-Pará e Maranhão, os mocambos constituíam-se em espaços de socialização de um grande contingente de despossuídos, formado por índios, negros, mestiços e homens brancos pobres, que neles
construíam uma identidade de interesses e passavam a desenvolver estratégias de resistência coletiva.
(E) A excessiva violência dos portugueses na destruição dos mocambos pode ser justificada pela ameaça que essas comunidades representavam para o domínio luso na região, devido à presença nestas de estrangeiros clandestinos, principalmente provenientes da França, de onde fugiam das perseguições movidas por Napoleão.
RESPOSTA: D
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