Mas eu vinha bem-andante, e ávido,
aberto a todas as alegrias, querendo
agarrar mais prazeres, horas de inteira
terra. Por que vim? Foi-me dado, ainda no
último momento, dizer que não, recusar-
-me a este posto. Perguntaram-me se eu
queria. Ante a liberdade de escolha, hesitei.
Deixei que o rumo se consumasse,
temi o desvio de linhas irremissíveis¹ e
secretas, sempre foi a minha ânsia querer
acumpliciar-me² com o destino. E hoje,
tenho a certeza: toda liberdade é fictícia,
nenhuma escolha é permitida; já então, a
mão secreta, a coisa interior que nos movimenta
pelos caminhos árduos e certos, foi
ela que me obrigou a aceitar. O mais-fundo
de mim mesmo não tem pena de mim;
e o mais-fundo de meus pensamentos nem
entende as minhas palavras.
(Guimarães Rosa, “Páramo” in: Estas Estórias)
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¹irremissível: imperdoável, irremediá- vel, inevitável. ²acumpliciar-se: tornar-se cúmplice.
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¹irremissível: imperdoável, irremediá- vel, inevitável. ²acumpliciar-se: tornar-se cúmplice.
Pela leitura do texto, pode-se concluir que
o autor:
a) tinha temor em tornar-se cúmplice do
destino.
b) desejava com alegria ludibriar a sorte da
vida.
c) recusou-se a aceitar o destino como é.
d) julgava-se a princípio um ser livre.
e) buscava caminhos certos no destino
RESPOSTA: D
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