ALEMANHA TEM MAIOR NÍVEL DE POBREZA DESDE A REUNIFICAÇÃO
Cerca de 12,5 milhões de alemães, ou 15,5% da população, são considerados pobres, aponta estudo. Trata-se do pior índice registrado desde 1990. A situação é particularmente grave entre os aposentados.
Reportagem publicada em 19/02/2015. Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2015.
a) “O empobrecimento crescente do país mais rico da Europa reflete a mudança, após 1990, das políticas públicas que dominavam os dois Estados alemães existentes antes da reunificação.” Explique essa afirmação.
b) “Além dos aposentados, os grupos sociais mais ameaçados pela pobreza são os desempregados, as mães solteiras e as pessoas com baixo nível educacional.” Justifica-se associar o aumento da xenofobia no país à vulnerabilidade desses grupos sociais? Explique a sua resposta.
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a)
Com a reunificação das Alemanhas Ocidental e Oriental em outubro de 1990, as políticas públicas de ambas repúblicas foram afetadas, diretamente, pela formação de uma nova unidade federativa. Tal recomposição territorial e política gerou mudanças nos dois sistemas sociais vigentes, até então. No caso da Alemanha Ocidental, à época sob os auspícios do Estado de Bem Estar Social, o aumento da carga tributária dos cidadãos com vistas à redistribuição de políticas sociais de maneira mais equânime pelo novo território foi necessário para a incorporação de milhões de ‘novos’ alemães ao sistema previdenciário do novo país e também para a geração de mais empregos. Como consequência, a já alta carga tributária dos ocidentais foi ampliada, penalizando parcela crescente da classe média do país, os aposentados e toda a sorte de cidadãos atendidos pelas políticas de Welfare; no caso da Alemanha Oriental, o modelo estatizante de economia foi eliminado e, com ele, o protecionismo estatal do emprego, que afetou a seguridade social definida por uma rede de serviços públicos gratuitos como os médico-hospitalares e o educacional. Desmantelado o Estado socialista, pensões e aposentadorias sumiram ou foram recalculadas e a dinâmica competitiva adentrou um ambiente social que há muito não seguia a fórmula da economia de mercado. Com a privatização de empresas estatais, inúmeros postos de trabalho desapareceram e o desemprego passou a fazer parte da realidade desse alemão, agora cidadão de outro país. Após 25 anos de reunificação, as taxas de emprego estão bastante elevadas para uma economia europeia rica, sendo que parte desse ônus se deve ainda aos ajustes iniciados pós-reunificação.
b)
Sim. Como reflexo do aumento expressivo do desemprego, a xenofobia tende a aumentar no país e afetar mais os migrantes (adaptados e não adaptados) em condição de vulnerabilidade (refugiados, exilados políticos...). Estes, que vivem em condições de cidadania de segunda categoria (Acordos de Schengen), poderão enfrentar o ressentimento dos alemães aposentados, mais pobres e menos capacitados profissionalmente, pois são estes que sofrem, mais intensamente, os efeitos das políticas de austeridade impostas pelos Estados europeus frente à crise da União Europeia (UE). Tal crise promove o aumento de impostos, das cargas tributárias e a diminuição dos gastos sociais nos países componentes da UE. Portanto, percebe-se um aumento da xenofobia vinda exatamente dos alemães que mais necessitam de políticas públicas de inclusão, ou seja, os mais pobres, os aposentados e pessoas em vulnerabilidade social.
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