Leia o texto a seguir.
As leis da natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia e a piedade) por si mesmas, na ausência do temor
de algum poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias às nossas paixões naturais, as quais nos
fazem tender para a parcialidade, o orgulho e a vingança. Os pactos sem a espada não passam de palavras,
sem força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis da natureza (que cada um respeita
quando tem vontade de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), se não for instituído um poder
suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em
sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros.
(Adaptado de: HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Victor Civita, 1974. p.107.)
Um dos problemas enfrentados pela Filosofia Política diz respeito às razões que levam os indivíduos a se unirem
com o objetivo de constituir uma ordem civil. Trata-se do problema da ordem política requerer ou não um elemento
coercitivo a fim de garantir a vida civil.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Thomas Hobbes, assinale a alternativa correta.
a) A ordem política é o fim natural para o qual os homens tendem, o que dispensa a força para fundar e manter a associação
política.
b) Uma multidão reunida em associação civil age espontaneamente com base na justiça e nas leis da natureza, o que leva
ao respeito mútuo sem o uso da força.
c) Os seres humanos, natural e necessariamente, entendem-se, uma vez que buscam concretizar na vida civil fins comuns,
o que dispensa o uso da coerção.
d) Os seres humanos reúnem-se politicamente porque a vida civil, em que se cultiva o diálogo sem o uso da força, realiza
a perfeição humana.
e) Os seres humanos precisam se sujeitar e obedecer a um poder comum que os mantenha em respeito se quiserem viver
em paz e em ordem uns com os outros.
RESPOSTA: E
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a) Incorreta. Esta é a concepção de Aristóteles que assevera que os homens tendem naturalmente a viver em associa-
ções uma vez que realizam sua essência ao participarem da vida civil.
b) Incorreta. Para Hobbes, uma grande multidão não age espontaneamente com base na justiça ou nas leis da natureza;
os seres humanos podem até saber o que é justo ou não, no entanto, isso não significa que agirão em respeito
à justiça. Os seres humanos só agem justamente se existir um poder comum que mantenha a todos em respeito.
Caso os seres humanos fossem capazes de agir justamente sem um poder comum que os mantivesse em respeito, o
governo civil ou estado não seriam necessários.
c) Incorreta. Para Hobbes, os seres humanos dificilmente se entendem uns com os outros, uma vez que cada um busca
fins próprios que, em geral, divergem. Não há uma convergência natural e espontânea entre os indivíduos.
d) Incorreta. Esta é a concepção de Aristóteles que entende o ser humano como um animal político por natureza que
encontra no diálogo o fim natural da condição humana. Sem dúvida, para Hobbes, a linguagem é importante para a
política, no entanto, não é ela que a define; não basta a comunicação entre os indivíduos para se constituir a ordem
política.
e) Correta. Para Hobbes, não há paz sem sujeição; a vida civil é impossível sem coerção, cabendo, inclusive, o uso da
força para assegurar a ordem civil.
http://www.cops.uel.br/vestibular/2016/provas/1a_Fase/19001_1_DEF.pdf (acessado em 13SET16)
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