Eram cinco horas da manhã e o cortiço
acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma
assentada, sete horas de chumbo. (...)
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente;
uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns,
após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do
fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O
chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a
tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam
suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens,
esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao
contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e
fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas
não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante,
um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e
vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças
não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali
mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou
no recanto das hortas.
No Naturalismo, época literária a que pertenceu Aloísio
Azevedo, o homem é visto
a) de forma negligente e egocêntrica, preocupado apenas
com o próprio bem-estar.
b) de forma atuante, responsável pela transformação do
mundo em que vive.
c) de forma idealista e romântica, alheio a tudo que
acontece a seu redor.
d) como responsável pelas condições do meio em que vive
e capaz de melhorá-lo.
e) como fruto do meio em que vive, sujeito a influências
que escapam a seu controle
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