(FGV) - QUESTÃO (Q 0800)

A Praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. De um casebre miserável, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores enferrujados de uma rede e uma voz tísica e aflautada, de mulher, cantar em falsete a “gentil Carolina era bela”, doutro lado da praça, uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom muito arrastado e melancólico: “Fígado, rins e coração!” Era uma vendedeira de fatos de boi. As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhargas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a pele crestada, os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam, empinando papagaios de papel. Um ou outro branco, levado pela necessidade de sair, atravessava a rua, suando, vermelho, afogueado, à sombra de um enorme chapéu-de-sol. Os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos, movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos. 
Aluízio de Azevedo. O mulato. 

Algumas características do texto acima, como preocupação com a observação e a análise crua da realidade, o esmero ao configurar para o leitor a miserabilidade do quadro físico e humano de uma cidade pobre, levaram estudiosos a classificá-lo como iniciador, entre nós, do movimento literário denominado: 
a) Arcadismo. 
b) Naturalismo. 
c) Simbolismo 
d) Romantismo. 
e) Classicismo.



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