Império Romano - Exercícios comentados

01. (MACKENZIE) A crise do Império Romano ganhou visibilidade a partir do século III. Assinale a alternativa correta a respeito dos aspectos característicos dessa crise. 

a) O excedente de mão-de-obra escrava, que pesava sobre os custos de produção, não era acompanhado pelo aumento da produtividade. 
b) O elevado custo de manutenção da máquina buro crática e do exército, que asfixiava as finanças do Império. 
c) O enfraquecimento do Cristianismo, diante da incompatibilidade entre as suas ideias e as necessidades do povo romano. 
d) O choque entre patrícios e plebeus, estes últimos exigindo cidadania e representação política. 
e) A ocorrência das Guerras Púnicas, que fragilizaram as fronteiras e permitiram invasões bárbaras e exauriram os cofres públicos.

02. (UNESP) Apesar de não ter sido tão complexo quanto os governos modernos, o Império [Romano] também precisava pagar custos muito altos. Além de seus funcionários, da manutenção das estradas e da realização de obras, precisava manter um grande exército distribuído por toda a sua extensão. A cobrança de impostos é que permitia ao governo continuar funcionando e pagando seus gastos.
(Carlos Augusto Ribeiro Machado. Roma e seu império, 2004.)

Sobre o recolhimento de impostos e os gastos públicos no Império Romano, é correto afirmar que

a) os patrícios e os proprietários de terras não pagavam tributos, uma vez que estes eram de responsabilidade exclusiva de arrendatários e escravos.
b) o desenvolvimento da engenharia civil foi essencial para integrar o Império e facilitar o deslocamento dos exércitos.
c) as obras financiadas com recursos públicos foram apenas as de função religiosa, como altares ou templos.
d) a desvalorização da moeda foi uma das formas utilizadas pelos governantes para aliviar o peso dos impostos sobre a população despossuída.
e) os tributos eram cobrados por coletores enviados diretamente de Roma, não havendo qualquer intermediação ou intervenção de autoridades locais.

03. (FUVEST) “Não descreverei catástrofes pessoais de alguns dias infelizes, mas a destruição de toda a humanidade, pois é com horror que meu espírito segue o quadro das ruínas da nossa época. Há vinte e poucos anos que, entre Constantinopla e os Alpes Julianos, o sangue romano vem sendo diariamente vertido. A Cítia, Trácia, Macedônia, Tessália, Dardânia, Dácia, Épiro, Dalmácia, Panônia são devastadas pelos godos, sármatas, quedos, alanos (...); deportam e pilham tudo. Quantas senhoras, quantas virgens consagradas a Deus, quantos homens livres e nobres ficaram na mão dessas bestas! Os bispos são capturados, os padres assassinados, todo tipo de religioso perseguido; as igrejas são demolidas, oscavalos pastam junto aos antigos altares de Cristo (…).” 
(São Jerônimo, Cartas apud Pedro Paulo Abreu Funari, Roma: vida pública e vida privada. 2000)

O excerto, de 396, remete a um contexto da história romana marcado pela 

a) combinação da cultura romana com o cristianismo, além da desorganização do Estado Romano, em meio às invasões germânicas e de outros povos. 
b) reorientação radical da economia, porque houve o abandono da relação com os mercados mediterrâneos e o início de contato com o norte da Europa. 
c) expulsão dos povos invasores de origem não germânica, seguida da reintrodução dos organismos representativos da República Romana. 
d) crescente restrição à atuação da Igreja nas regiões fronteiriças do Império, porque o governo romano acusava os cristãos de aliança com os invasores. 
e) retomada do paganismo e o consequente retorno da perseguição aos cristãos, responsabilizados pela grave crise política do Império Romano.

04. (FUVEST) Os impérios do mundo antigo tinham ampla abrangência territorial e estruturas politicamente complexas, o que implicava custos crescentes de administração. No caso do Império Romano da Antiguidade, são exemplos desses custos: 

a) as expropriações de terras dos patrícios e a geração de empregos para os plebeus. 
b) os investimentos na melhoria dos serviços de assistência e da previdência social. 
c) as reduções de impostos, que tinham a finalidade de evitar revoltas provinciais e rebeliões populares. 
d) os gastos cotidianos das famílias pobres com alimentação, moradia, educação e saúde. 
e) as despesas militares, a realização de obras públicas e a manutenção de estradas.

05. (UNIFESP) Fomos em busca dos homens fugidos de nosso povoado e descobrimos que cinco deles e suas famílias estavam nas terras de Eulogio, mas os homens deste senhor impediram nos com violência de nos aproximar da entrada do domínio. (Egito romano, em 332 d.C.) 

... os colonos não têm liberdade para abandonar o campo ao qual estão atados por sua condição e seu nascimento. Se dele se afastam em busca de outra casa, devem ser devolvidos, acorrentados e castigados. (Valentiniano, em 371 d.C.)

Os textos mostram a 

a) capacidade do Império romano de controlar a situação no campo, ao levar a cabo a política de transformar os escravos em colonos presos à terra. 
b) luta de classes, entre camponeses e grandes proprietários, pela posse das terras que o Estado romano, depois da crise do século III, é incapaz de controlar. 
c) transformação, dirigida pelo governo do Baixo Império, das grandes unidades de produção escravistas em unidades menores e com trabalho servil. 
d) permanência de uma política agrária, mesmo depois da crise do século III, no sentido de assegurar um número mínimo de camponeses soldados. 
e) impotência do governo romano do Baixo Império em controlar a política agrária, por ele mesmo adotada, de fixar os pobres livres no campo. 

06. (FGV) Em 768, Carlos Magno foi coroado rei dos francos e, em 800, imperador dos romanos. É pertinente afirmar quanto aos reinos francos, no que diz respeito ao período carolíngio, que: 

a) O Renascimento Carolíngio tornou evidente a tensão entre os inconciliáveis valores germânicos e cristãos. 
b) A forte centralização política e administrativa, estabelecida pelo Tratado de Verdun, favoreceu o governo do território, após a anexação dos reinos da Lombardia e Baviera. 
c) Suas instituições, direito, legiões e cidades eram consideravelmente semelhantes aos do período romano, embora seus funcionários, na maioria, não fossem servidores civis. 
d) Apresentavam uma fusão de elementos culturais, como a aliança dos francos com o papado, que, com a restauração do Império Romano do Ocidente, constituiu um reforço ao seu caráter romano-germânico. 
e) O direito romano prevaleceu aos poucos sobre o direito consuetudinário germânico, que caiu em desuso e, finalmente, em total esquecimento.




01. B - Alternativa escolhida por eliminação, pois reduz a crise do Império Romano a uma questão meramente burocrático-militar, quando seus fatores determinantes são na verdade muito mais amplos e profundos – entre eles, a anarquia de 235-84, a cessação das guerras de conquista e sobretudo a diminuição da mão de obra escrava. 
02. B - A manutenção do Império Romano exigia a construção de estradas, pontes… para a integração das diversas regiões e também para facilitar o escoamento de mercadorias. Além disso, essa integração das diversas áreas do Império proporcionaram a romanização dos povos.
03. A - A data de 396 nos remete ao Baixo Império Romano, quando a decadência da civilização e do Estado criados por Roma já se encontravam em irremediável declínio. Àquela altura, a religião cristã fora incorporada à vida política do Império por meio do Edito de Tessalônica, firmado por Teodósio I em 380. Ao mesmo tempo, a pressão dos povos bárbaros já se fazia sentir de forma irreversível: a Dácia (atual Romênia) fora perdida, os bárbaros já haviam transposto o Danúbio (matando em batalha o imperador Valente, em 378) e estavam devastando as regiões da Península Balcânica citadas na carta de São Jerônimo. A propósito, o Império Romano acabara de ser dividido em 395, quando da morte de Teodósio, em Império do Ocidente e Império do Oriente, na vã tentativa de tornar mais eficiente a luta contra os invasores.
04. E - Com relação às principais despesas que oneravam o Império Romano, é preciso lembrar que elas constituíam uma característica permanente de sua administração, antecedendo portanto a instituição da estrutura imperial propriamente dita, em 27 a.C. (criação do Principado, a ser exercido por Caio Otávio). Com efeito, desde o período da Realeza (753-509 a.C.), e principalmente durante a República (509-27 a.C.), as autoridades romanas sempre cuidaram da construção de obras públicas e da abertura de estradas, muitas delas pavimentadas. Quanto aos gastos militares, tratava-se de uma constante no orçamento de Roma, dada a relevância de sua política expansionista e imperialista. 
05. E - O texto refere-se à instituição do colonato, incrementada depois que a crise do escravismo (iniciada no século III) criou entraves para a obtenção de mão-de-obra escrava. Entretanto, embora o colonato fixasse o camponês à terra, o Estado Romano, em plena decadência, mostrou-se impotente para manter integralmente o que havia estabelecido em lei (ver o segundo texto citado).
06. D - O caráter romano-germânico do Reino Franco remonta ao batismo de seu primeiro soberano, Clóvis; foi reforçado pela aliança entre Pepino, o Breve, e o Papado, quando o primeiro criou o Patrimônio de São Pedro em benefício do segundo; e se consolidou quando Carlos Magno foi coroado pelo próprio Papa com o título de “imperador do Ocidente”. Paralelamente a essa “romanização” do Estado Franco, elementos de origem germânica, como o beneficium e o comitatus, teriam grande influência na organização administrativa do Império Carolíngio.

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