A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe
de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o
chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum
poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O
chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm
nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o
lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar
conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e
linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem
e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a
sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa
poder, e os meios que o chefe detém para realizar sua
tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da
palavra.
CLASTRES. P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro:
Francisco Alves. 1982 (adaptado).
O modelo político das sociedades discutidas no texto
contrasta com o do Estado liberal burguês porque se
baseia em:
a) Imposição ideológica e normas hierárquicas.
b) Determinação divina e soberania monárquica.
c) Intervenção consensual e autonomia comunitária.
d) Mediação jurídica e regras contratualistas.
e) Gestão coletiva e obrigações tributárias.
O texto evoca o exemplo de sociedades tribais
hierarquizadas mas sem Estado e, portanto, sem
coerção, organizadas por consensos entre indivíduos,
famílias e linhagens, para mostrar a possibilidade de
existirem sociedades desestatizadas, em que a
comunidade participaria da gestão política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
OBRIGADO PELO COMENTÁRIO!