Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados,
sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza;
Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses
indivíduos o mesmo estalão.
Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de
cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor monetário.
Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores
pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado
matrimonial.
Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que se fazia íntima
com ela, e desejava ardentemente vê-la casada, dirigiu-
-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz elegante
que chegara recentemente da Europa:
− É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sorrindo;
vale bem como noivo cem contos de réis; mas eu tenho dinheiro
para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me
contento com esse.
Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à
conta de gracinhas de moça espirituosa; porém a maior parte
das senhoras, sobretudo aquelas que tinham filhas moças,
não cansavam de criticar desses modos desenvoltos, impróprios de meninas bem-educadas.
Os adoradores de Aurélia sabiam, pois ela não fazia mistério,
do preço de sua cotação no rol da moça; e longe de
se agastarem com a franqueza, divertiam-se com o jogo que
muitas vezes resultava do ágio de suas ações naquela empresa
nupcial.
(Senhora, 2013. Adaptado.)
A personagem Aurélia é descrita no trecho como
(A) uma jovem deslumbrada com o poder que sua beleza
produz sobre os rapazes com quem convivia.
(B) uma pessoa que avalia a partir de critérios monetários
os rapazes que se apresentam como postulantes a se
casarem com ela.
(C) alguém que esconde as intenções mais mesquinhas
atrás de uma aparência sociável e generosa.
(D) uma mulher admirada por todos por causa de seu senso
prático, inclusive no que se refere às questões afetivas.
(E) uma moça independente, que não abriria mão de seu trabalho
por causa das atribuições no casamento.
RESPOSTA: B
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