(ENEM) - QUESTÃO

Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espirito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: Alhambra, 1995.)

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento intimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artificio nocivo ao convívio social.



O soneto apresenta uma temática que foge da impessoalidade parnasiana, apresentando um posicionamento mais reflexivo sobre os indivíduos e o mascaramento de suas relações, o que confirma a letra A. As letras B, C e D estão incorretas porque o eu lírico não sugere o compartilhamento de emoções e sim, a transparência dos sentimentos. Além disso, o eu lírico não incita a capacidade de perdão ou solidariedade sobre as atitudes humanas. A letra E também está errada, o eu lírico mostra que as pessoas se escondem sobre máscaras, a fim de não revelarem sua essência e se enquadrarem em uma padronização de convivência, demonstrando a falsidade das relações. 
(http://descomplica.com.br/blog/literatura/exercicios-parnasianismo/)

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